Mindfulness ou Atenção Plena tem se mostrado uma prática eficaz no controle das emoções, uma vez que ela oferece ferramentas para lidar com as reações emocionais de maneira mais saudável e consciente. Por meio de exercícios específicos, é possível treinar a mente a ficar atenta ao momento presente e observar as emoções sem julgá-las ou reprimi-las. Essa prática pode ajudar a reduzir o estresse, a ansiedade e a depressão, além de aumentar a sensação de bem-estar e a qualidade de vida.
Os exercícios de atenção plena são uma forma de treinar a mente a se concentrar no momento presente, o que permite que as emoções sejam percebidas de forma mais clara e consciente. Ao invés de reagir de maneira automática e impulsiva às emoções, a prática da atenção plena permite que se adote uma postura mais reflexiva e consciente diante das situações. Com o tempo, é possível desenvolver uma maior capacidade de lidar com as emoções de forma saudável e equilibrada, sem se deixar levar por elas ou reprimi-las. Assim, a prática do mindfulness pode ser uma ferramenta importante para o autoconhecimento e a regulação emocional.
Neste artigo, vamos explorar:
- O que é Mindfulness?
- Como o Mindfulness pode reprogramar nosso cérebro;
- A prática de Atenção Plena;
- Como cultivar o Mindfulness com as 4 instruções preliminares segundo os ensinamentos de Buda;
- Três sugestões úteis para a respiração meditativa;
- Como iniciar a prática com um exercício pré-meditativo;
- Exercício Mindfulness:
- Atenção plena na respiração;
- Escaneamento Corporal
- Contagem regressiva;
- Atenção plena na caminhada;
- Meditação em pé: Raízes para o centro da Terra.
O que é o Mindfulness ou Atenção Plena?
A atenção plena, também conhecida como mindfulness, é uma técnica de meditação que tem ganhado popularidade nos últimos anos. Ela se baseia na ideia de estar presente e consciente no momento atual, sem julgamentos ou distrações. Embora seja uma prática milenar, foi somente nas últimas décadas que a ciência começou a explorar seus benefícios e a compreender como ela afeta o nosso bem-estar emocional.
A prática da atenção plena tem sido associada a uma série de benefícios para a saúde mental e emocional. Ela ajuda a reduzir o estresse e a ansiedade, melhorar a autoestima e a autoconsciência, e aumentar a resiliência emocional. Além disso, estudos têm mostrado que a meditação mindfulness pode melhorar a qualidade do sono, reduzir a dor crônica e ajudar no tratamento da depressão e de outros transtornos mentais.
Embora a meditação mindfulness possa parecer difícil no início, ela pode ser praticada por qualquer pessoa, independentemente da idade ou experiência. A prática começa com o simples ato de prestar atenção à respiração, trazendo a mente de volta sempre que ela se desvia. Com o tempo, a prática pode ser expandida para incluir outras técnicas, como o escaneamento corporal, a contagem regressiva, a caminhada consciente e a meditação em pé.
Uma curiosidade interessante sobre a atenção plena é que ela foi desenvolvida originalmente como parte da tradição budista. No entanto, a prática foi adaptada e incorporada a outras culturas e religiões, e hoje é amplamente utilizada como uma técnica secular de meditação. Em vez de ser vista como uma prática religiosa, a atenção plena é vista como uma ferramenta prática para lidar com o estresse e a ansiedade do mundo moderno.
Como o Mindfulness pode reprogramar nosso cérebro
Reprogramar a mente com atenção plena é um processo que envolve a consciência e aceitação dos nossos pensamentos, emoções e sensações corporais sem julgamentos. Ao praticar a atenção plena regularmente, é possível desenvolver uma nova forma de relação com a nossa mente, permitindo que possamos ser mais presentes no momento presente e menos reativos aos nossos pensamentos e emoções.
A reprogramação da mente com atenção plena pode ajudar a reduzir o estresse, a ansiedade e a depressão, além de aumentar a resiliência e o bem-estar emocional. Com o tempo, essa nova relação com a mente pode levar a uma maior clareza mental, melhor tomada de decisões e uma maior sensação de paz interior.
Outra forma de reprogramar a mente com atenção plena é através da mudança de hábitos e comportamentos. Ao prestar atenção plena aos nossos padrões de pensamento e comportamento, podemos identificar hábitos que podem estar nos prejudicando e trabalhar para mudá-los. Ao reprogramar a mente para hábitos mais saudáveis, podemos melhorar nossa qualidade de vida e bem-estar emocional de forma significativa. A atenção plena pode ser uma ferramenta poderosa para transformar nossas mentes e vidas.
Por fim, é importante ressaltar que a reprogramação da mente com atenção plena não acontece da noite para o dia e requer prática consistente e dedicação. É um processo gradual de autoconhecimento e transformação, que pode levar tempo, mas que traz benefícios duradouros. Ao cultivar a atenção plena em nosso dia a dia, podemos desenvolver uma relação mais saudável com nossos pensamentos e emoções, nos tornando mais conscientes e presentes em nossas vidas.
A prática de Atenção Plena
A prática de mindfulness é baseada em três Cs e três Rs, que são conceitos fundamentais para o desenvolvimento da atenção plena. Os três Cs representam o contato, a curiosidade e o carinho que devemos ter em relação às nossas experiências internas durante a prática. O contato refere-se à habilidade de estabelecer presença e conexão com as nossas sensações, pensamentos e emoções no momento presente. A curiosidade envolve a capacidade de observar com interesse e entusiasmo aquilo que surge na nossa experiência. Já o carinho diz respeito à habilidade de acolher e cuidar das nossas experiências internas com gentileza, sem julgamentos ou críticas.
Por sua vez, os três Rs representam o reconhecimento, o retirar e o regressar. O reconhecimento envolve a habilidade de reconhecer aquilo que está acontecendo em nossa experiência interna, como pensamentos, emoções e sensações corporais. O retirar significa soltar e deixar ir aquilo que nos prende à experiência interna, sem se apegar a ela ou se identificar com ela. Por fim, o regressar diz respeito à habilidade de retornar àquilo que está acontecendo no momento presente, como a respiração ou uma sensação corporal, sempre que a mente se distrair ou se perder em pensamentos. A prática consistente desses conceitos pode levar a uma maior consciência e presença no momento presente, resultando em benefícios para a saúde física e mental.
As 4 instruções preliminares segundo os ensinamentos de Buda
Os ensinamentos de Buda trazem quatro instruções preliminares que podem ajudar a estabelecer uma rotina diária de auto-cultivo.
A primeira instrução preliminar consiste em direcionar a atenção para a respiração e dizer mentalmente “Sei que estou inspirando” enquanto inspira, e “Sei que estou expirando” enquanto expira. É importante notar que a mente tem uma tendência natural de se distrair com outras coisas, como memórias e planos, mas a prática da atenção plena envolve perceber essas distrações e gentilmente direcionar a atenção novamente para a respiração.
A segunda instrução preliminar é ter consciência da duração da respiração, seja ela longa ou curta. Essa abordagem evita a necessidade de controlar a respiração e permite que se tenha uma maior consciência sobre a própria experiência no momento presente.
Na terceira instrução preliminar, o foco passa a ser em todo o corpo durante a inspiração, explorando as sensações que surgem conforme o ar se move pelas diferentes partes do corpo. Ao sentir como e onde a respiração afeta o corpo, é possível refinar e estimular a relação com a respiração, entrando ainda mais profundamente na corrente de sensações.
Na quarta instrução preliminar, ao inspirar, pratico o acalmar do corpo; ao expirar, pratico o acalmar do corpo. Esta quarta fase da meditação é essencial para acalmar a respiração, o corpo e a mente. Quando a respiração é calma, o corpo relaxa, e à medida que o corpo relaxa, a mente se acalma e se torna mais silenciosa.
Da mesma forma, à medida que a mente se acalma, o corpo relaxa e a respiração torna-se mais tranquila. A respiração é um agente poderoso para cultivar a tranquilidade. Nesta fase da meditação, o Buda ensina que podemos começar a lembrar da sensação de estarmos cada vez mais conscientes e despertos, através de uma prática regular.
Assim, ao praticar essa quarta fase, é importante focar na sensação da respiração e permitir que a mente se acalme naturalmente, sem julgamento ou distrações. Conforme a prática avança, a mente se torna mais clara e mais consciente da própria natureza.
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Três sugestões úteis para a respiração meditativa
Existem três sugestões úteis para a prática de respiração meditativa:
Deixe a respiração ser natural e livre. Lembre-se de que a meditação da respiração não tem nada a ver com regular ou controlar a respiração. Trata-se, sim, de deixar o controle de lado. Celebre e aceite a natureza mutável de cada respiração.
Encontre uma posição confortável para o seu corpo. Pode ser sentado em uma cadeira, em uma almofada ou em posição de lótus, se preferir. A posição que você escolher deve permitir que sua coluna fique ereta e relaxada.
Treine sua atenção para permanecer. Um dos meus cartoons favoritos sobre meditação mostra dois cães sentados no chão em um tapete de yoga com paus de incenso queimando na frente deles. Um dos cães olha para o outro e diz: “A chave da meditação é aprender a permanecer.” Quando sua atenção se desviar, gentil e deliberadamente retorne quantas vezes forem necessárias às sensações em sua respiração.
Como iniciar a prática com um exercício pré-meditativo
Antes de iniciar uma prática, pode ser útil começar com um exercício pré-meditativo. Este exercício pode ser feito sentado em uma almofada, em uma cadeira ou, se tiver alguma lesão, até mesmo deitado.
Comece com exercícios de atenção baseados na respiração, que são o ponto de entrada para a prática da atenção plena (mindfulness). À medida que se concentra na respiração, observe os pensamentos, sentimentos e sensações que surgirem. Conscientize-se de sua reação a eles. Se ficar tenso, ignore a tensão e relaxe gentilmente, retornando à respiração. Se ficar agitado e inquieto, reconheça essa agitação e ofereça-lhe carinho e estabilidade, como se acalmasse uma criança.
Comece com apenas três minutos de prática por dia e, aos poucos, vá aumentando o tempo conforme se sentir confortável. Este exercício pré-meditativo pode ajudar a preparar sua mente e corpo para a prática formal de meditação sentada.
Exercícios Práticos
Atenção Plena na respiração.
Para praticar a técnica de Atenção Plena na respiração, encontre um lugar tranquilo e sente-se em uma posição confortável. Feche os olhos ou mantenha-os semiabertos e comece a prestar atenção à sua respiração. Sinta o ar entrar e sair pelo nariz, observe a sensação do ar nas narinas e no peito. Se sua mente vagar, simplesmente traga-a de volta para a respiração. Não julgue seus pensamentos, apenas observe-os e volte a focar na respiração.
Ao praticar a Atenção Plena na respiração, você pode sentir uma sensação de calma e relaxamento, além de melhorar a capacidade de se concentrar. Este exercício pode ser praticado em qualquer lugar e a qualquer hora, e é especialmente útil quando se sente estressado ou ansioso. Ao se concentrar apenas na respiração, você pode desligar o ruído mental e encontrar um espaço de tranquilidade interior.
Escaneamento Corporal.
O exercício de atenção escaneamento corporal é uma técnica simples e eficaz para aumentar a consciência corporal e reduzir o estresse e a ansiedade. A ideia é dedicar alguns minutos para percorrer mentalmente todas as partes do corpo, desde os pés até a cabeça, e prestar atenção às sensações físicas em cada uma delas. É importante não julgar as sensações como boas ou ruins, apenas notá-las e aceitá-las.
Durante o exercício, é possível notar tensões musculares que antes passavam despercebidas, e com o tempo, aprender a relaxar essas áreas. A prática regular pode ajudar a melhorar a postura, aliviar dores e tensões crônicas e aumentar a capacidade de concentração. Além disso, o escaneamento corporal pode ser uma ferramenta útil para lidar com emoções difíceis, permitindo uma maior compreensão e aceitação do corpo e da mente
Contagem regressiva
Essa prática de meditação envolve um foco simples que ajuda a fortalecer o músculo da mente. O objetivo é contar de cinquenta a zero, inspirando nos números ímpares e expirando nos números pares, enquanto mantém a respiração natural e relaxada.
Existem três fases nessa prática:
DA CONTAGEM DE CINQUENTA AO VINTE: Expire e mentalmente conte “cinquenta”. Em seguida, inspire e conte “quarenta e nove”, expire e conte “quarenta e oito”, e assim sucessivamente até chegar ao número vinte, expirando ao final.
DA CONTAGEM DE VINTE AO ZERO: Comece a contar apenas os números pares a partir do vinte. Isso significa que você não fará nada quando chegar ao número dezenove, expirando apenas no dezoito. Inspire sem contar, expire e conte “dezesseis”, continue assim até chegar ao zero.
APÓS CHEGAR AO ZERO: Quando chegar ao zero, pare de contar, mas continue a respirar naturalmente, mantendo-se atento à sua respiração e ao ar entrando e saindo do seu corpo. Mantenha-se relaxado, sem tensão ou rigidez, e permaneça em silêncio.
Durante a prática, pode ser que surjam pensamentos e distrações. Se perceber que sua mente está fixando em qualquer outra coisa e perdendo a conta dos números, simplesmente recomece a contar para trás a partir do cinquenta.
O objetivo deste exercício de meditação não é tentar cessar ou bloquear os pensamentos, mas sim tornar a respiração o plano de fundo sobre o qual você percebe seus pensamentos. Isso cria um poder de resistência na mente. Enquanto você percebe os pensamentos aparecendo e desaparecendo, faça o possível para liberá-los e voltar à sua respiração.
Atenção Plena na caminhada.
Ao praticar a atenção plena durante a caminhada, é importante que o foco esteja no momento presente, percebendo as sensações do corpo, a respiração e as emoções. É comum que, durante a caminhada, nossa mente divague e se distraia com pensamentos aleatórios, mas a prática da atenção plena consiste em trazer a atenção de volta para a experiência do momento presente, sem julgamentos ou expectativas. É possível praticar a atenção plena durante a caminhada de diferentes maneiras, como prestando atenção nas sensações dos pés tocando o chão, na respiração e nos sons e cheiros ao redor.
A prática da atenção plena durante a caminhada pode trazer diversos benefícios para a saúde mental e física, como a redução do estresse e da ansiedade, melhora da concentração e da clareza mental, além de contribuir para uma maior conexão com o corpo e com o ambiente ao redor. Além disso, a caminhada é uma forma acessível e simples de praticar a atenção plena, podendo ser realizada em qualquer lugar e a qualquer momento, sem a necessidade de equipamentos ou preparação especial.
Como fazer
Praticar a meditação em movimento pode ser uma forma poderosa de estar presente no momento e cultivar a calma interior. Enquanto caminha, experimente contar os passos que acompanham a inspiração e a expiração – você pode escolher contar três, quatro ou cinco passos para cada uma. Não se preocupe em controlar sua respiração ou seu ritmo de caminhada; simplesmente observe quantos passos acompanham cada respiração.
Lembre-se de que a meditação não é uma fuga da realidade, mas sim uma forma de se conectar com o presente e com as sensações do seu corpo. Permita-se deixar de lado as preocupações do dia a dia e cultivar a consciência, o discernimento, a compaixão, a sabedoria e o despertar. Ao praticar a meditação em movimento regularmente, você pode notar um aumento na sua sensação de paz interior e uma maior capacidade de lidar com o estresse e os desafios da vida
Meditação em pé: Raízes para o centro da Terra.
A meditação em pé é uma prática que nos permite sentir todo o corpo incluído na nossa experiência e consciência. Nesta prática, utilizamos a imagem das raízes de uma árvore para obter estabilidade, firmeza e alimento. Aqui estão alguns passos para ajudá-lo a começar:
1 – Encontre uma posição de pé confortável: comece colocando os pés na largura dos ombros, virados para frente. Dobre ligeiramente os joelhos e mantenha as articulações do corpo relaxadas e abertas.
2 – Encontre o seu centro de energia: respire algumas vezes e volte a sua atenção para o centro de energia dantian localizado no abdómen, uns 5 cm abaixo do umbigo. Esse ponto é onde nossa energia vital é armazenada, cultivada e refinada.
3 – Visualize as raízes da sua árvore imaginária: inspire e comece a visualizar a respiração a estender-se a partir do ponto de energia dantian, descendo ao longo das pernas, através dos pés e penetrando na terra como se fossem raízes de uma grande árvore. Deixe as raízes expandirem-se para os lados e em profundidade em direção ao centro da terra.
4 – Nutra o seu corpo: expire e deixe as raízes ficarem na terra enquanto, ao mesmo tempo, retira nutrição através delas para o seu dantian. Repita deixando cada respiração expandir mais a raízes da sua árvore imaginária a cada inspiração. A cada expiração, convide a nutrição da terra a alimentar e reabastecer o seu dantian, que pode armazenar esta energia e usá-la para melhorar a circulação e o funcionamento da energia do corpo.
5 – Comece com sessões curtas: de início, faça essa visualização durante 3-5 minutos. À medida em que for habituado a estar de pé durante períodos mais longos, pode fazê-lo durante 20 ou 30 minutos.
Lembre-se de que a meditação não é uma fuga de si próprio, mas sim uma forma de estar no momento presente da experiência, através de uma conscientização de algo que está sempre disponível: a respiração e as sensações do corpo. Ao cultivar essa prática, você encontrará mais consciência, discernimento, compaixão, sabedoria e despertar.
Experimente a meditação em pé com raízes para o centro da terra e sinta-se mais conectado com a natureza e com a sua própria essência.
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